Existo hoje
Ando sentindo estas pulsações tão irreais,
tão imprudentes e tão humanamente humanas que entojam-me sobre o que eu já não
me reconheço ser.
Ser eu
seria, seria muito além do que estás linhas vazias, tintas sem quadros e
harmonias em descompassos.
Descompadecido eu ficaria ao recolher-me sob
a minha insignificância irrisória traumatizando ainda mais o meu ser.
E egocêntrico eu seria se a minha essência
transformar-se-ia no pedaço egoísta de um ser.
Gostar eu iria se as migalhas destas poesias
fortificassem-se nas múltiplas companhias.
De algumas companhias já não sei o porquê eu
teimo em temer, compreender e não esquecer.
Esqueço os versos mais lindo que escrevi para
que possa no mínimo sentir os muitos colírios deste existir.
Existo fincado no hoje, passado pelo ontem e
contemplado pelo amanhã que não chega, deixando-me no rugir de apenas sentir
este mero existir.
Existir eu não queria, mas que no repartir de
uma fecundação eu cai na tentação de um viver.
Vivendo eu estou e mesmo que sentindo todas
estas palpitações não deixar-me-ei cair no vão da tentação de uma morte.
Da morte de meu corpo, para a expansão de
minha alma hoje eu sinto a imensidão de um querer, o querer estar junto do meu
próprio ser.
GOMES, L. S.

Nenhum comentário:
Postar um comentário