O coletivo
Se te preciso, não seria por mim.
Se te necessito, é muito mais do que por mim.
É pelo todo. É pelo novo. É pelo belo.
É pelo amor. É pelo cheiro. É pelo ornar.
É pelo transbordar de se transformar.
É vida. É sabor. É viver.
É transparecer o que vai além.
É ir e vir, numa jogada de se misturar.
A mistura da vida é mais do que sonhar.
Sou eu, é você, somos nós.
É o coletivo, transvestido de um múltiplo sonhar.
Sonhas com o egoísmo, acorda com o bradar.
Só somos possíveis, pelo nosso esperançar.
É com linhas triste e em derramar, que fico no ar.
Nosso lamento é compartilhado.
Nossas dores esmiuçadas pela chance de recomeçar.
Recomeço. Me refaço. Me reencontro no nosso morar.
Moro sozinho. Moro na imensidão. Moro neste casarão.
A construção é sublime, mas a falta me faz.
Quero te compartilhar o nosso semear.
É pela colheita que se satisfaz.
É pelo desejar que se corre atrás.
É pelo executar que chegamos lá.
E para chegar lá, basta o nosso coletivo a bradar:
Este é o nosso lar!