segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Eu em pedaços


Eu em pedaços

Agarro-me nesses tristes retalhos que sobraram de meu ser, como se no último pedacinho pudesse me reconhecer.
Reconheço-me como a potencialidade tão alva e limpa inundada pela correnteza de uma enxurrada tão imunda quanto o meu ver.
Vejo-me como a arte final tão mal feita que atrai os olhos curiosos de quem já conheceu o esplendor de um belo amanhecer.
Amanhecer eu gostaria para que assim, nessas noites de trevas, rancor e melancolia as pitadas desta alucinação já não pudesse mais eu sentir.
Sinto-me como se nos meus sentimentos a poeira do esquecimento teimasse em existir, levando-me as muralhas do meu eu a não existir.
Existo regado pelos sonhos que no dia a dia dissipam-se pela falta de vontade de meu ser, pelo animo irreal de muitos outros vocês e pelo que eu já nem sei mais o porquê.
Por que debruço-me sob estes sentimentos? Porque no quebrar de meus sonhos líricos, poéticos e soníferos recomponho-me em cada pena que fica pelo caminho.
O caminho que é marcado pelas pétalas que caíram de meu corpo e mente para que no incendiar de meu corpo minha renascença seja mergulhada na força que tenho.
Tenho nos meus últimos desejos a esperança de uma acolhida entre o meu eu tórrido e eu chuvoso, para que nas diferenças mútuas dessa festa possa renascer mergulhar no meu próprio ser.
GOMES, L. S.

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