Uma manhã qualquer
O telefone toca, acordo
quase exatamente no mesmo horário que ontem, sento na cama esperando algo
acontecer, talvez seja o meu processador que ainda não iniciou. Depois de
alguns minutos, um desejo insiste em gritar: “Levante-se e vá amar”,
perturbo-me por não entender direito como algo sem muita objetivação conseguiria
me ordenar a amar, não sei, não compreendo, só sei que já passou da hora
daquela ducha matutina. Enquanto água que gelada escorre pelo meu corpo fico projetando,
ou mesmo traçando o desenvolver de mais um dia, ainda sem considerar que eu não
posso fazer o tal “amar”, mesmo assim o banho prossegue sem muitas delongas para
que no escovar de meus dentes, pelo menos a higiene bucal seja completada com sucesso,
me sinto no jogo clássico de Mário Bros, apenas passando de fase sem muito
questionar, apenas esperando ter um objetivo final a cumprir.
Depois de toda a assepsia,
um momento tenso sempre teima em se aproximar, no reflexo do espelho, um alguém
normal, com traços normais de que ousará viver, mas na carne que fica sobre os
ossos, um outro alguém perdido, sem mãe, amigos, irmãs, ou quem sabe daquele “eu abrigo”, o devaneio é deixado de lado,
seria um causo triste, mas sucesso são os filmes de ação, por isso vestido
daquele sorrisão eu tranco a porta e caminho rumo a uma nova imensidão.
GOMES, L. S.

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