Estas linhas que
nascem
Ao passo que cada segundo se vai tento
discorrer linhas tão belas quanto eu pudesse ser.
Discorro sobre o céu que de tão intocável
ultrapassa a barreira de uma exatidão tão ilusória e entristecida.
Ilusória são as palavras profanadas no calor
de uma mera sensação, no atenuar de uma emoção e na chama de uma simples
paixão.
As chamas que queimam nessa vida
transcendental já não são as mesmas que florescem no viver de um ser ocidental.
Ocidente é a terra da libertação, tão clara e
rígida quando uma alucinação, a alucinação de uma crença tão descrente quanto à
desavença destas nossas crenças.
Crente são as vidas que ressurgem no oriente
acalmada pelas palhas dessas linhas salientes.
Saliento sobre a vida que quero viver, mas
que no esvaziar deste meu reles ser, resta-me apenas um velho viver.
Velho posso ter sido, posso ter sentido e até
morrido, porém renascido eu também quero ser.
Sinto nas lacunas de cada novo entardecer os
golpes machadados destas linhas que nunca devem morrer, morrem neste meu último
suspiro, mas renascem a cada novo escrever.
GOMES, L. S.

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