Sai de mim
Recorta-me de tuas linhas de “muita
preocupação”, seu caboclo sem noção.
Retira estes sorrisos ao me rever, pois
eu a muito tempo sei qual o esquema deste seu você.
Corta cada requisito de piedade que pude
lhe oferecer, pois você não é digno nem de eu lhe ver.
Pare de altos agradecimentos, pois nas
lacunas destes muitos “dever” eu já percebi o quanto lhe desprezo, mas teimo em
não te ofender.
Saia de mim, não se aproximes, pois
nessas suas explorações do meu conhecimento e do meu querer eu só vejo o quanto
é desprezível este teu insignificante ser.
Parte logo sem me dar explicações, pois
se eu tiver que fazer, eu antes, vou retalhar todo este teu imundo ser “gentil”,
gentil eu já pude ser, agora só cuspo nessas migalhas de lembranças que foi o
meu “eu e você”.
GOMES, L. S.



