sexta-feira, 9 de junho de 2023

O coletivo

O coletivo

 Se te quero, não seria para mim.

Se te preciso, não seria por mim.

Se te necessito, é muito mais do que por mim.

 

É pelo todo. É pelo novo. É pelo belo.

É pelo amor. É pelo cheiro. É pelo ornar.

É pelo transbordar de se transformar.

 

É vida. É sabor. É viver.

É transparecer o que vai além.

É ir e vir, numa jogada de se misturar.

 

A mistura da vida é mais do que sonhar.

Sou eu, é você, somos nós.

É o coletivo, transvestido de um múltiplo sonhar.

 

Sonhas com o egoísmo, acorda com o bradar.

Só somos possíveis, pelo nosso esperançar.

É com linhas triste e em derramar, que fico no ar.

 

Nosso lamento é compartilhado.

Nossas dores esmiuçadas pela chance de recomeçar.

Recomeço. Me refaço. Me reencontro no nosso morar.

 

Moro sozinho. Moro na imensidão. Moro neste casarão.

A construção é sublime, mas a falta me faz.

Quero te compartilhar o nosso semear.

 

É pela colheita que se satisfaz.

É pelo desejar que se corre atrás.

É pelo executar que chegamos lá.

E para chegar lá, basta o nosso coletivo a bradar:

Este é o nosso lar!

GOMES, L. S.